domingo, 7 de novembro de 2010

que o amor sempre trás obstáculos, e você tem que passar por todos.

"Nada é real, a não ser o sonho e o amor." (Anne Noailles)


“Numa bela noite a menina resolveu dar uma volta pelo jardim de sua casa, não passava das nove horas da noite e a lua estava no seu centro, rodeada de estrelas. Quando então a menina sentou-se numa pedra e resolveu olhar para o céu, nunca tinha parado para fazer isso antes, morava na cidade, essa coisa de olhar o céu não era costume, a não ser pra ver se ia chover ou não. A lua piscava para a menina, esta se surpreendeu e olhou ao redor, assustada, porém notou que estava sozinha, juntou coragem então e voltou a olhar para o céu, a lua agora parecia querer falar com ela, queria se aproximar queria ser amiga dela; E desta vez a menina não abaixou o rosto, e ao invés de medo surgiu a curiosidade, era uma felicidade estranha a qual ela estava sentindo, ela piscou os olhos várias vezes, mas a lua continuava ali a esperar uma resposta dela. Na noite seguinte a menina correu para o mesmo lugar, e com uma estranha ansiedade olhou para o céu a procura da sua nova descoberta, a lua. Mas esta hoje não tinha comparecido, e isso fez os olhos da menina se embaçarem, o que ao mesmo tempo deixou a menina envergonhada, porque aquilo? Era só uma lua, não tinha nada entre elas, se pôs então a correr enquanto com a mão tremula limpava seus olhos molhados. Passou uma semana e a menina foi para seu habitual passeio, porém estava tão atordoada que não controlava seus pés, e estes a levaram para a pedra, aonde a menina pela primeira vez notou de verdade a lua. Quando percebeu onde tava seu coração começou a se encher de uma ansiedade, de uma alegria, ela sentia seu coração pulsar cada vez mais rápido, um nó se formara na garganta, e fechou os olhos com força com o receio de estes olharem para a sua figura de admiração, e a entregarem. Não agüentou nem por cinco minutos e arriscou uma olhadinha para o alto, e lá estava ela, no mesmo lugar, a sua espera, a lua. Nesse dia a menina estava preparada, sentou-se com cuidado na pedra e pra lua deu uma piscada, essa pareceu retribuir seu gesto, e então nada mais as separavam. Desse dia em diante a menina começou a amar a lua, mas era um amor que doía, a lua estava distante, a menina não podia tocá-la, podia sentir sua presença, podia sentir sua luz, mas não a sua textura, não sabia qual aroma ela exalava, não sabia quase nada. A lua quisera retribuir esse amor, mas o que ela poderia fazer? Seu amor já estava jurado as estrelas, a imensidão do céu, ela não podia pertencer à menina. A menina sentia a lua se afastando, e então chorava lágrimas amargas, não podia alcançá-la, não podia segura-la, não podia amá-la. A lua tinha suas fases, não podia deixar sua vida pela menina, a lua era fascinada pelas suas estrelas, encantada por elas, apaixonada. A menina era a menina, não podia ser uma estrela. Mas quem é que pode controlar esse sentimento? Por mais que machucasse a menina não deixava de ir lá admirar a sua lua, mesmo sem poder tocá-la, a pedra era a única coisa que participava da dor e do amor da menina, a pedra era seu ponto de apoio, a que presenciava aquela historia toda, sem dizer nada. A menina começou a reparar numa estrela que ficava mais próxima da lua do que as outras, de vez em quando, quando chegava de surpresa percebia com que doçura a sua lua admirava aquela estrela, embora a estrela pra lua nem olhasse, e isso gerou muitas brigas, a menina não sabia o porquê de a lua amar tanto aquela estrela e não poder retribuir o seu amor. Começou a sentir inveja e raiva da estrela, ela chegara mais próxima da presença da lua do que ela, a lua amava a estrela, e não ela. Como isso doía no coração da menina todas as noites antes de dormir, ao se despedir da lua, sabendo que esta ia ficar lá com a sua estrela escolhida, enquanto a menina encolhida na cama seu nome chamava. A lua dissera a ela em um de seus sonhos que se pudesse retribuía esse amor, mas não era certo, elas eram proibidas, jamais uma menina poderia se apaixonar por uma lua, mas a menina não escutava, pra ela não tinha certo ou errado, a única coisa que tinha era o amor que ela sentia, o amor não totalmente retribuído, porém, desejado. Ai como a menina quisera se transformar em estrela pra ver se sua lua a notava, como a menina queria poder pegar a lua só para ela e trancá-la em seu quarto, como a menina a amava. A menina dividiu sua dor com suas amigas, mas estas pouco a compreenderam não se podia amar uma lua, ainda mais uma lua que gostava de ter vários admiradores pela noite, não podia se entregar para um amor que a machucava, e a menina já sem forças para chorar apenas se lamentava, e falava com firmeza que quisera ou não a lua se tornara parte dela. Não podia seguir sem a lua, não gostava do céu escuro quando sua amada se ausentava, ela necessitava da luz da lua, da sua presença, do seu amor, o mundo para ela pouco importava. Mesmo a lua falando para ela em seus sonhos que não podia amá-la, a menina não desistiu, continuou em segredo a admirá-la, e todas as noites voltava para a pedra, tentava controlar seu amor, para não ver a lua afastada, e a menina permanece lá, às vezes quieta, às vezes agitada, com os olhos esperançosos a admirá-la, o seu amor um dia lhe daria asas, um dia poderia por fim tocá-la.Um dia a sua lua iria amá-la, nem se fosse apenas por alguns segundos.”

Foto: @mandynga
Texto: @mandynga

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